sábado, 8 de agosto de 2009

cerveja não dá ressaca

Ilustres camaradas,

Estou em uma cruzada científica para provar a máxima que é o título deste post. Ontem comecei a noite doando meu fígado para a ciência. Nesta empreitada, iniciei, juntamente com Clark Kent uma experiência dificílima: provar que cerveja não dá ressaca. Para isso escolhemos cervejas de diversas marcas: Terezópolis Gold, Erdinger Weiss, Colorado Cauim, Franziskaner, Hacker Pschorr, misturando-as durante a noite.

Hoje acordei sem um pingo da sensação de mal estar comum aos bebedores. Parece-me cada vez mais que o que dá ressaca são os conservantes que colocam dentro das cervejas pra durar mais. Continuarei nessa jornada hoje à noite e durante os próximos anos. Para os que lêem esse blog: aceitamos doações de cervejas sem conservantes das marcas acima ou outras quaisquer de um nível minimamente razoável. Afinal de contas, é preciso se sacrificar pelo bem comum!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

álcool e literatura

Seguindo a inspiração literária do ilustre camarada Clark Kent, após entornarmos algumas garrafas ontem, lembrei-me de um livro digno de leitura por todos os amantes de copos, taças e tulipas. O autor é angolano e se chama Gonçalo Tavares. O livro é O Senhor Henri. Fabuloso. Um aperitivo (com duplo sentido sim, por favor):

A moeda

O senhor Henri encontrou um anel no passeio.
Ah, disse o senhor Henri, o anel talvez seja de ouro.
O senhor Henri pôs logo o anel no bolso e pensou: não é de ouro, é de seis mil copos de absinto.
...é a moeda do meu país.
E o senhor Henri sorriu. tinha encontrado uma riqueza rara.
Eis o primeiro anel líquido da História - disse o senhor Henri.

Embriagai-vos

É necessário estar sempre bêbado.

Tudo se reduz a isso; eis o único problema.
Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem tréguas.

Mas – de quê ? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
Contanto que vos embriagueis.

E, se algumas vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:

- É a hora da embriaguez ! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embragai-vos sem cessar !

De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.


charles beaudelaire